A doença de Ollier ou
encondromatose múltipla é um defeito não hereditário,
caracterizado pela presença de massas circunscritas de cartilagem, dispostas
de forma linear no interior dos ossos. O epônimo "Doença de
Ollier" é utilizado para uma condição na qual a distribuição
dos encondromas é predominantemente unilateral. Trata-se na verdade de
uma discondroplasia, mais do que umaneoplasia verdadeira.(46).
A associação de
múltiplos encondromas com múltiplos hemangiomas da pele é
conhecida por "Síndrome de Maffucci" (67). Há ainda
uma maior associação com gliomas intracraniais.
Os ossos afetados costumam ser
arqueados e encurtados, com alargamento das regiões metafisárias.
Os ossos mais afetados são o fêmur e a tíbia (Fig. 48).
48
A
48. Radiografia mostrando
o aspecto das múltiplas lesões
da enfermidade de Ollier. Note a deformidade do úmero (A) e do fêmur, da tíbia e da fíbula (B), além das lesões encondromatosas múltiplas. |
48
B
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Os sinais de encondromatose manifestam-se
desde cedo na infância. O acometimento dos ossos dos membros inferiores
pode ocasionar um joelho varo de muitos graus. O acometimento leva a um encurvamento
dos ossos longos, com ápice da curva na região metafisária.
Quando as mãos são afetadas, o progressivo aumento de volume dos
dedos pode ser a primeira queixa. Os dedos costumam se apresentar de forma grotesca
e com uso funcional prejudicado (Fig. 49).
49. Radiografia da mão de um
paciente portador
da enfermidade de Ollier. Note o comprometimento
de
praticamente todas as falanges. Note também
o grande condroma invadindo
os tecidos moles na
falange média do III quirodáctilo
O tratamento envolve processos
como curetagem e enxertia das lesões que estejam causando deformidade
importante, principalmente nos membros inferiores. As osteotomias da extremidade
proximal da tíbia ou distal do fêmur são muitas vezes necessárias
para corrigir as deformidades. Em geral evoluem para consolidação.
Muitas vezes são utilizadas as técnicas de alongamento, juntamente
com a correção do alinhamento, principalmente nos membros inferiores.
Atualmente, com a utilização dos fixadores externos, abre-se uma
nova perspectiva no tratamento dessas lesões múltiplas. Não
indicamos a epifisiodese do membro contralateral na tentativa de equalização,
por acharmos que essa técnica pode acentuar a baixa estatura que é
comum nesses pacientes, além de ser técnica de resultados controvertidos.
A transformação
sarcomatosa pode se desenvolver na vida adulta. Na Mayo Clinic, entre 1907 e
1985, houve 16 transformações em 55 pacientes, o que fala a favor
de 30% de chance de malignização (56). O crescimento localizado
e a dor são evidências prováveis de malignização.
Em tais circunstâncias a biópsia com a finalidade de detectar precocemente
a malignização é indicada (84). Há também
relatos de múltiplas transformações em um mesmo paciente
(58). A síndrome de Maffucci
costuma estar associada a maior taxa de transformação maligna,
incluindo o aparecimento de gliomas intracraniano.
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